quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Natal...



       *Apesar de não acreditar piamente em todo esse "espiríto de natal" que as mídias adoram pregar nessa época do ano, ainda sinto, as vezes, que talvez isso traga um pouco de aproximação entre as pessoas. Com toda aquela reunião familiar, por mais que me se sinta a ovelha negra da família, ainda assim gosto de ver que pelo menos uma vez por ano meus tios, avós, primos e afins convivem "até que bem" nesses dias.
      Daí andei pensando, que por mais consumista que isso possa parecer, eu gostaria de mandar presentes para todas as pessoas que realmente fazem minha vida ter sentido. Mas como não sou provida de muitos recursos financeiros e sou péssima para escolher presentes, vou postar aqui talvez um dos textos mais significativos que já ganhei de um amigo, uma dessas pessoas iluminadas...


 “Tenho um quarto novo, sabes? Anda vou lhe mostrar”


          Há belezas na vida que são para ser partilhadas e há realidades com que todos devemos ser confrontados.
         Eu precisava de crescer. Incomodava-me o egoísmo da minha leucemia, por entre os dias. Sempre me assustou a cegueira propositada do comodismo, face ao mundo.
        Sabia para onde ia, mas creio que não sabia ao certo o que me esperava.
        A sala de brincar das crianças do Ceonc era visitada por uma luz, carregada de energia matinal, que nos aquece o rosto e nos repousa o espírito. Ainda era cedo. Algumas crianças já pintavam desenhos natalícios para enfeitarem a sala onde adivinhavam que passariam o Natal. Interromperam o que faziam e fitaram-me com curiosidade. Cantei-lhes músicas de Natal e pude ver sorrisos rasgarem-se nos seus rostos num entusiasmo desmedido. Eu já tinha descoberto o encanto da música. Só ainda não conhecia a ternura daqueles olhares.
        Eles eram novos. Muito novos e gostavam de brincar. Enquanto arrumava o violão, um menino de olhos meigos puxou-me com uma energia incontrolável a manga da camisola. De olhos postos no chão, timidamente, perguntou-me “Queres construir quebra-cabeça comigo?”.                    
      Chamava-se Huguinho e tinha um sorriso expressivo. Construímos quebra-cabeça e pude ver os olhos dele brilharem de satisfação a cada peça que se encaixava. Acho que não pensa em como serão difíceis de encaixar as peças da sua vida. Creio que sabia que tem jeito para construir quebra-cabeça e, no momento, isso bastava-lhe. A cada quebra-cabeça que concluía batia palminhas a ele próprio e soltava pequeninos saltos na cadeira, como que tentando conter a alegria que inevitavelmente se lhe irradiava pelos olhos meigos e lhe abarrotava o peito. Porque ele era novo. Muito novo.
          De vez em quando, olhava-me de soslaio, para ter a certeza que acompanhava o seu momento de brilho. “Tu és o rei dos quebra-cabeças, Huguinho”. Ele sorria, no seu sorriso expressivo, e corria em busca de um novo quebra-cabeça.
        Jogamos Bingo, depois. Com o entusiasmo de uma criança, rodava a manivela e seguia atentamente o rolar da bola que saía. Olhava fixamente o número e entravamos no jogo do ‘quente e frio’. Ele ia encaixando o dedinho nos buraquinhos das bolas, tentando acertar naquele que correspondia à bola que apertava na outra mão. Porque ele era novo, muito novo e mal sabia contar. E a cada vez que eu dizia “Está quente, muito quente”, contraía-se na cadeira e a expressão do seu rosto redesenhava-se numa ansiedade crescente.
         Chegou a hora de almoçar e o Huguinho ainda tinha que ir ao quarto. Pediu-me que fosse com ele e que levasse meu violão. Queria cantar comigo. Eu fui com ele e aos poucos deixei-me ficar para trás, para o observar melhor. Ele cantava e enquanto cantava ia abanando a cabecinha, aquilo me dava forças pois também já estava bem fraco. Dois carecas arrastando consigo um soro movível. De repente, parou e disse-me “Tenho um quarto novo, sabes? Anda, vou mostrar-lhe”. O quarto do Huguinho era ao fundo do corredor. Os quartos no fundo do corredor, no Ceonc, são os quartos isolados. As crianças têm que ser sujeitas a isolamento durante o período em que estão mais sujeitas a bactérias e micróbios. E o Huguinho estava radiante do seu novo quarto. Porque o seu novo quarto tinha duas portas (a segunda servia para garantir o isolamento) e era diferente.        
         Doeu-me o coração de olhá-lo na sua inocência, no corredor daquele hospital. A expressão do meu rosto petrificou-se e senti-me desfalecer por dentro ao ver a injustiça da vida refletida num olhar tão meigo. Pude ler o seu nome inscrito na porta do quarto. “Olha, Huguinho, tens um quarto com o teu nome e tudo”. Foram as únicas palavras que consegui proferir, naquele momento. Ele sorriu-me. Respondi-lhe num sorriso de cumplicidade e continuamos a cantar, porque ele quis. O Huguinho vestia um pijama de xadrez e calçava pantufas. Era careca, tinha uns olhos meigos, um sorriso expressivo. Era novo, muito novo, e fazia-nos sentir pequenos.
         Precisamos de conhecer ‘Huguinhos’ que nos ensinem o dom da vida. Há realidades com que todos devemos ser confrontados. Precisamos de um ‘Huguinho’ que nos ensine a encaixar as peças dos nossos quebra-cabeças e que nos encha de vontade de encontrar os ‘buraquinhos’ para os nossos problemas.
        Sempre me assustou a cegueira propositada do comodismo, face ao mundo. Por isso, incomoda-me. Porque ele era novo, muito novo, e já doente. E ele tinha um olhar meigo, um sorriso expressivo e trazia uma energia de nos encher o coração. Uma energia que nos falta, por entre os dias.

Emmanuel Rafael Durante 24/12/2008

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Se...



Porque existem esses dias que vc acorda pensando que tudo podia ser diferente se tivesse acontecido de outra forma, se aquela pessoa tivesse dito isso, se vc tivesse feito outras escolhas, se o mundo fosse diferente?! Sei lá, hoje acordei assim, talvez pela milésima vez. E ainda haverão outros dias que vou me sentir assim, e nem sei bem certo o porque. Insatisfação crônica pode ser uma boa explicação. Basear minha felicidade nos outros também. Mas bem lá no fundo, eu sei que a culpa é minha mesmo. Se alguém fez algo errado, fui eu. Dói admitir sabe, e tão mais fácil pensar que se não estou feliz a culpa é tua por não me dizer que me ama mesmo eu sendo assim! A culpa é dos meus pais por não terem me criado direito. A culpa é dos meus amigos por não me darem tanta atenção!A culpa é do sistema que deixa todo mundo louco! AFF... autoanálise é tão dificil e machuca de verdade, traz uma dor que não vem dos outros, vem de vc mesmo, por se enchergar tão nitidamente dando pra ver  até os órgãos. Mas pelo menos você chora e se lamenta por suas mancadas, percebe que mesmo vendo que faz tudo errado, vai continuar errando por várias e várias vezes. Quem me déra se os livros de auto-ajuda me ajudassem de verdade na hora que percebo o caos que está dentro de mim. Quem me déra se algum Deus me dizesse o que fazer... Como me disse um amigo, desses que você confia suas maiores cagadas em meio a bebedeiras e conversas virtuais, já dizia Raul que a gente nasce pra querer. E eu já nem sei mais o que quero.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009




dentre suas cores, sabores, aromas
descobri que gosto mesmo é do seu silêncio.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Sobra Tanta Falta




Falta tanta coisa na minha janela como uma praia




Falta tanta coisa na memória como o rosto dela



Falta tanto tempo no relógio quanto uma semana



Sobra tanta falta de paciência que me desespero



Sobram tantas meias verdades que guardo pra mim mesmo



Sobram tantos medos que nem me protejo mais



Sobra tanto espaço dentro do abraço



Falta tanta coisa pra dizer que nunca consigo





Sei lá se o que me deu foi dado



Sei lá se o que me deu já é meu



Sei lá se o que me deu foi dado ou se é seu





Vai saber se o que me deu quem sabe



Vai saber quem souber me salve



Vai saber o que me deu quem sabe



Vai saber quem souber me salve


( O Teatro Mágico)

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A complicada arte de ver

Ela entrou, deitou-se no divã e disse: "Acho que estou ficando louca". Eu fiquei em silêncio aguardando que ela me revelasse os sinais da sua loucura. "Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões _é uma alegria! Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já fizera centenas de vezes: cortar cebolas. Ato banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e tive um susto. Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de catedral gótica. De repente, a cebola, de objeto a ser comido, se transformou em obra de arte para ser vista! E o pior é que o mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões... Agora, tudo o que vejo me causa espanto."


Ela se calou, esperando o meu diagnóstico. Eu me levantei, fui à estante de livros e de lá retirei as "Odes Elementales", de Pablo Neruda. Procurei a "Ode à Cebola" e lhe disse: "Essa perturbação ocular que a acometeu é comum entre os poetas. Veja o que Neruda disse de uma cebola igual àquela que lhe causou assombro: 'Rosa de água com escamas de cristal'. Não, você não está louca. Você ganhou olhos de poeta... Os poetas ensinam a ver".


Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro. Mas existe algo na visão que não pertence à física.




William Blake sabia disso e afirmou: "A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê". Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado. Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo.



Adélia Prado disse: "Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra". Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou poema.



Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem. "Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. Não basta abrir a janela para ver os campos e os rios", escreveu Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido. Nietzsche sabia disso e afirmou que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver. O zen-budismo concorda, e toda a sua espiritualidade é uma busca da experiência chamada "satori", a abertura do "terceiro olho". Não sei se Cummings se inspirava no zen-budismo, mas o fato é que escreveu: "Agora os ouvidos dos meus ouvidos acordaram e agora os olhos dos meus olhos se abriram".



Há um poema no Novo Testamento que relata a caminhada de dois discípulos na companhia de Jesus ressuscitado. Mas eles não o reconheciam. Reconheceram-no subitamente: ao partir do pão, "seus olhos se abriram". Vinícius de Moraes adota o mesmo mote em "Operário em Construção": "De forma que, certo dia, à mesa ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção, ao constatar assombrado que tudo naquela mesa _garrafa, prato, facão_ era ele quem fazia. Ele, um humilde operário, um operário em construção".



A diferença se encontra no lugar onde os olhos são guardados. Se os olhos estão na caixa de ferramentas, eles são apenas ferramentas que usamos por sua função prática. Com eles vemos objetos, sinais luminosos, nomes de ruas _e ajustamos a nossa ação. O ver se subordina ao fazer. Isso é necessário. Mas é muito pobre. Os olhos não gozam... Mas, quando os olhos estão na caixa dos brinquedos, eles se transformam em órgãos de prazer: brincam com o que vêem, olham pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo.



Os olhos que moram na caixa de ferramentas são os olhos dos adultos. Os olhos que moram na caixa dos brinquedos, das crianças. Para ter olhos brincalhões, é preciso ter as crianças por nossas mestras. Alberto Caeiro disse haver aprendido a arte de ver com um menininho, Jesus Cristo fugido do céu, tornado outra vez criança, eternamente: "A mim, ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as coisas. Aponta-me todas as coisas que há nas flores. Mostra-me como as pedras são engraçadas quando a gente as têm na mão e olha devagar para elas".



Por isso _porque eu acho que a primeira função da educação é ensinar a ver_ eu gostaria de sugerir que se criasse um novo tipo de professor, um professor que nada teria a ensinar, mas que se dedicaria a apontar os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidiana. Como o Jesus menino do poema de Caeiro. Sua missão seria partejar "olhos vagabundos"...



Rubem Alves

Folha de S.Paulo 26/10/2004

domingo, 25 de outubro de 2009


Sonhos

Então o principe dos números pegou sua mão e disse:
- Vamos para de ser tonta, não tenha medo!
Sua cabeça girava, não queria mais pensar tanto, queria só aceitar, mas era tão dificil e encantador, ao mesmo tempo. Isso a assustava de uma forma estranha. Olhou em seus olhos sentiu o medo crescer, parecia que ia explodir. Indagou:
-Mas é loucura, estamos longe. Não podemos voar!
Ele não imaginava tamanho receio, sabia que ela era insegura, mas achava que já tinha descoberto o poder das palavras sentidas. Tentou explicar:
- Você sente, eu sei que sente! A gente sente, é forte, é suficiente. Só não pare de sonhar, é simples.- e sorriu sutilmente.
Aquilo a atingiu de tal forma, que foi o bastante para notar que estar flutuando. Leve, muito leve. As incertezas já não existiam, só o vácuo e as emoções. E era tão bom.
Descobriu a magia dos números, a complexidade da vida. Estava contente. Via naqueles olhos a esperança e a alegria de viver, que sempre a faltara. Percebeu que por mais debilitado que ele pudesse estar sempre estava lutando. Feliz e sonhador, o principe dos números a ensinou que era o bastante independentemente do resultado.
Acordou com lágrimas no sorriso, e um olhar de saudade.





* Sonhos são fábulas de nostalgia.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009


Pactos...


Como pode um dia, dois, um final de semana mudar completamente tudo o que confiávamos plenamente? Há coisas que se só ocorrem uma vez, e é o bastante pra tudo mudar de forma brusca. As escolhas estão lá, e somos nós que decidimos. A imparcialidade é desculpa, de quem  tem receio de admitir que já escolheu. O problema é sempre o mesmo, devo esperar menos das pessoas, confiar menos, me envolver menos. O duro é que isso dói, sempre de maneira diferente, mas a dor aparece . Os anos de companheirismo, fidelidade, carinho, dedicação, se desfazem como água por entre os dedos. E tudo continuará normalmente, mas é triste ver a confiança que você tanto demora a adquirir, se desfalecer por completo. É triste e dolorido. Coisas tolas desses pactos secretos, que só quem vive entende.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Extremos!
Pronto. A conversa não tem mais graça, e nem sentido. Não sei mesmo o que falar, nem sei se devo ... Provocações até que resolvem, mas só prolongam um pouco mais nosso contato superficial. Já dizia Clarice: chega uma hora que o melhor a se fazer, é não fazer nada. Você nunca sabe, eu também não. Talvez nossa sina seja não saber mesmo, ou talvez um dia descobriremos. Se ao menos existisse um Oceano entre nós, a culpa seria dele. Mas não, não é.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Lentamente Sei que posso fazer bem mais, só não sei se quero fazer tudo agora.Minhas pretensões são pequenas, qual o problema disso? O tempo passa eu sei, mas quem disse que preciso me guiar por ele? Caminho do meu jeito, se é lento, é o meu jeito de caminhar. Preciso amadurecer, deixar o tempo passar. Quem sabe um dia me renda por completo, mas não quero isso já. Acredito que não exista tempo perdido, é minha concepção, cada um escolhe a sua.

domingo, 20 de setembro de 2009

Despedida
Estou indo embora porque simplesmente já não consigo mais respirar. Essas cobranças bestas me sufocam, sinto-me como se estivessem me asfixiando cada vez mais forte.
Familia é algo extremamente complexo, ainda mais quando toda essa complexidade vem regada de uma gigante falta de identidade. Não me identifico mais, é verdade, Reconheço que tudo que sou até agora se baseou nisso, mas é tão dolorido ver como já não me encaixo.Uma simples conversa já não existe. Chegamos em um estágio onde já não há mais compreensão, eu sou um et insensivel e ignorante nesse mundo tão bonito de vocês. Sei lá, talvez a hora de cortar o cordão umbilical já passou faz tempo, nós é que insistimos. Amor ainda existe, é verdade. Mas se tornou um amor tão repugnante embasado em conbranças, justificativas, coisas jogadas na cara, dor. Reconheço minhas falhas, sei que não são poucas. Por isso preciso ir embora, já não aguento mais viver sendo a decepção ambulante, mesmo assim ainda amo vocês. Preciso começar a andar totalmente sozinha, agora.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O amor é filme

Eu sei pelo cheiro de menta e pipoca que dá quando a gente ama

Eu sei porque eu sei muito bem como a cor da manhã fica
Da felicidade, da dúvida, dor de barriga
É drama, aventura, mentira, comédia romântica

Um belo dia a a gente acorda e hum...
Um filme passou por a gente e parece que já se anunciou o episódio dois
É quando a gente sente o amor se abuletar na gente tudo acabou bem,
Agora o que vem depois

O amor é filme
Eu sei pelo cheiro de menta e pipoca que dá quando a gente ama
Eu sei porque eu sei muito bem como a cor da manhã fica
Da felicidade, da dúvida, dor de barriga
É drama, aventura, mentira, comédia romântica

É quando as emoções viram luz, e sombras e sons, movimentos
E o mundo todo vira nós dois,
Dois corações bandidos
Enquanto uma canção de amor persegue o sentimento
O Zoom in dá ré e sobem os créditos

( O Teatro Mágico)

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Flor de narciso O silêncio não vai me perdoar.
Busco intuitivamente as respostas
Mudando os caminhos,
permanecendo na essência
Os sonhos desperdiçados, ainda assim são sonhos
Variadas mutações
Fragmentos incontavéis de mim.
As perguntas não cessam, nunca cessam!
Os preconceitos inconvenientes
Partes defeituosas.
Ainda assim existem as cores,
e as saídas...
Que chamem de egoismo
mas o centro do meu mundo
ainda sou eu.
O que sei,o que finjo que sei e o que não sei de mim.
E quem sou?
( ...)
As respostas não existem
Há esperança,
há sonhos.
há o silêncio
e as lacunas...

terça-feira, 14 de julho de 2009

crises!
Viu o abismo atraente e se jogou
já nem sabe mais por que acorda todos os dias
Senhores e senhoras simpáticos
a derramam modestos sorrisos, todas as manhas
em troca de sua falsa enpolgação, única que faz esforço
para demostrar.
E desde quando o mundo é uma troca?
Sua gaiola de azuleijos, é ao menos uma proteção
tem gente que não tem nem isso...
o problema é todo seu
egocêntrica!
O Sol lá fora nem é tão importante assim.
" esquizofrenia é contagiante?"
Parece que não entende,nunca
Dane-se você menina caótica!
se o mundo é um colapso, está dentro de você.

domingo, 28 de junho de 2009

VENTO NO LITORAL
De tarde eu quero descansar, chegar ate a praia e ver
Se o vento ainda está forte
E vai ser bom subir nas pedras
Sei que faço isso pra esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando tudo embora
Agora está tão longe
Vê, a linha do horizonte me distrai:
Dos nossos planos é que tenho mais saudade,
Quando olhávamos juntos na mesma direção
Aonde está você agora
Além de aqui dentro de mim?
Agimos certo sem querer
Foi só o tempo que errou
Vai ser difícil sem você
Porque você está comigo o tempo todo
E quando eu vejo o mar,
Existe algo que diz,
Que a vida continua
E se entregar é uma bobagem
Já que você não está aqui,
O que posso fazer é cuidar de mim
Quero ser feliz ao menos
Lembra que o plano era ficarmos bem?
- Ei, olha só o que eu achei: cavalos-marinhos
Sei que faço isso pra esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando tudo embora
...

terça-feira, 16 de junho de 2009

Entre amor e morangos

“Morangos?”

A princesa pegou uma das frutinhas da tigela com cuidado e encarou-a para conferir se Link não estaria lhe pregando uma peça. Era muito pouco característico dele trazer presentes de qualquer tipo, principalmente deste. Fazia-lhe rir só a idéia de Link ajoelhado, colhendo morangos.

“Hm... é,” Ele respondeu, as mãos displicentemente atrás da cabeça. “morangos me fazem lembrar de você.”

Zelda sentou-se na escadinha de pedra, a cesta de palha cheia de morangos apoiadas nos joelhos. Sua mente racional pôs os fatos em ordem: o Herói do Tempo havia driblado todos os guardas do castelo e invadido seu jardim. Bem, nenhuma novidade até aí. Mas ele havia lhe trazido morangos e, mais que isso, dito que morangos o faziam lembra à ela.

Mas por quê?’ ela pensou consigo mesma, analisando a frutinha. “Bem, talvez meu pai estivesse certo quando disse que homens só vêem sete cores.”

Link franziu o celho. “Homens só vêem se—mas espere, o que isso tem a ver com qualquer coisa?”

“Bem, o único aspecto em que seria possível eu me parecer com um morango é a cor. Mas meu vestido é cor-de-rosa, não vermelho. Parece que meu pai tinha razão.”

“Ficou maluca, Zelda? Não é por causa do vermelho. Eu sei muito bem a diferença entre a minha túnica do fogo e o seu vestido!” Ele disse erguendo as sobrancelha. “As coisas podem se parecer em mais de um aspecto.”

Com muito cuidado para não sujar as luvas, ela mordeu a fruta. Mastigando-a —e Zelda era a única pessoa no mundo capaz de parecer elegante mesmo falando de boca cheia—arriscou novamente: “Já sei! É o gosto. Sou uma pessoa a zeda, mas com um toque de doçura!”

O Herói do Tempo, sentado na grama ao lado dela, jogou a cabeça loura para trás e riu. “Não deixa de ser verdade, mas essa metáfora é complicada demais para que eu tivesse pensado nela.”

“Eu sei —é por isso que o triforce da sabedoria é meu.” Ela replicou, como uma criança mimada, mostrando a ponta da língua.

“Pode ser, mas se gabe depois de ter matado minha charada, Princesa do Destino.” Link alfinetou de volta.

Nem a cor, nem o gosto. O que mais poderia ser? Zelda pegou outro morango. Tirando a cor, o que ele parecia? Parecia um triângulo ao contrário, com as pontas de cima arredondadas, e isso só podia remeter a...

“Ah, que lindo!” Ela disse, irônica. “Você me deu uma cesta cheia de coraçõezinhos vermelhos!”

O rosto de Link esquentou, mas ele escondeu o rubor usando a mão para bagunçar a franja. “Coraçõezinhos? Do que raios você está falando?!”

“Ah, esqueça.” Ela respondeu, desanimando. Apoiou o cotovelo no joelho e a cabeça na palma, para ver o morango de um ângulo diferente. “Vejamos... Não é cor, gosto ou formato. Só pode ser serventia. E um morango serve para—”

Simultaneamente, os dois rosto ficaram vermelhos. Vermelhos, não—escarlates. Como bolas de natal. Ou morangos.

Link, seu grande pervertido! Eu devia ter desconfiado desde aquele seu caso com a Ruto e—”

Não! Não é nada disso! E eu nem sabia o que era um casamento na época e—”

“Eu devia te bater!”

“Olha, Zelda, a sua mente pervertida funcionou antes da minha! Eu nem tenho uma mente pervertida!!”

“Oh, claro que não.” Ela respondeu com sarcasmo palpável, um enorme sorriso— que Link, se não soubesse que pertencia à ela, classificaria como malicioso— brotando em seus lábios. “Então está vermelho por quê? Pode admitir, Garoto do Tempo, você imaginou alguma coisa.”

“V—você também está vermelha!” Ele respondeu corando ainda mais, se é que isso era possível. A princesa entendeu que era hora de parar de zombar, ou ele desmaiaria por falta de sangue no resto do corpo. Embora a aparência já fosse de um jovem adulto, ele continuava muito parecido com a criança de anos atrás, provavelmente porque havia pulado sete anos no tempo...

Ela estendeu o morango, sorrindo, que ele encarou-a com desconfiança. Talvez fosse mais uma piadinha para se ele aceitasse. Empertigou-se, juntando toda a dignidade que alguém consegue ter quando está no chão, e sentou-se de pernas cruzadas.

“Ok, Link, você me pegou. Em que aspecto eu pareço um morango?”

“Ah, a Princesa do Destino admitindo que não sabe alguma coisa?” Ele provocou com um sorriso convencido, que ela rebateu fazendo um muxoxo.

“Não é sempre que sei de tudo, da mesma forma que não é sempre que você é corajoso.” Zelda desistiu de fazê-lo aceitar a frutinha e recolheu-a. “Ou vai dizer que jamais sentiu medo?”

Link sorriu largamente. “Ah, mas ser corajoso não é não ter medo. É lutar apesar dele. E com esse ensinamento são dois pontos pra mim.”

“Dois, não—um. Você ainda não me deu a resposta da charada. O que eu e os malditos morangos temos em comum?”

Ela julgou ter visto duas manchas rosadas surgirem nas bochechas dele, mas era realmente difícil dizer quando Link encarava um ponto aleatório do chão como se fosse a coisa mais interessante que já vira.

“Bom... É que eu adoro morangos.”

Zelda piscou, surpresa, depois sorriu calorosamente, sem conseguir encará-lo. Ela desconsiderara isso—uma coisa só tem o valor que damos a ela, e Link acabara se dar todo um novo significado aos morangos.

“É, eu também.”

(Zelda)

quarta-feira, 10 de junho de 2009

CHUVA.

Sinto as gotas tocarem meu rosto,

me percebo como uma solitária andando por entre as ruas.

Gosto de olhar a chuva,

sentir o cheiro do asfalto molhado.

Vontade súbita de se molhar. Se entregar, praticamente

me desaguar...desaguar

do emprego, do mundo, dos problemas.

Saudade do tempo em que fazer isso não era atestado de loucura.

Das tardes chuvosas da infancia, com as brincadeiras mais divertidas,

dos malucos correndo na noite de tempestade, entre as barracas, cantando e vibrando.

Lembranças...nostalgia.

A chuva me faz bem!

Seria bom se fizesse pra todo mundo, mas as pessoas não percebem

estão sempre correndo, afinal,

existem coisas mais importantes.

E que diferença isso faz?

Gosto da leveza desses dias.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

ELEMENTO ÁGUA

Nessa guerra insana

entre eu e mais eus

a vitória tão certa

que domina,

transborda

inunda.

Desejos...

sonhos sempre a te buscar

Incerto, absurdo

desmedida

vontade

do desconhecido

E no fim

somos almas aquáticas

com medo do fogo

sexta-feira, 15 de maio de 2009

noite estrelada, signos no céu
aqueles bons amigos
a fogueira mais rústica
músicas. músicas. sons
almas tocadas
bebidas baratas
sensação estranha de tudo e nada,
ao mesmo tempo

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Ela andava sozinha, acompanhada apenas da chuva e de seus vagos pensamentos. Ele andava sozinho, somente com o frio e o desamparo. Se cruzaram, frente a frente. Ele parou, ela também. Se olharam, por um ou dois segundos, nada mais que isso. O menino voltou a andar apressado, ela abaixou a cabeça, começou a caminhar lentamente. Se sentiu pequena, percebeu que a dor daqueles olhos eram gritantes, nada mais era tão triste

domingo, 12 de abril de 2009

gosto de olhar tua face
pura
meiga
face de anjo
radiante
parece não ser real
por esbanjar
tanta luz em pequeninos
olhos brilhantes
óh meu anjo
que bom que viestes
e trouxeste consigo
a paz que irradia meus dias
poucos dias, em que posso estar contigo
e sentir no seu cheiro
toda solução para meus tolos problemas
a cura para meu espírito
a doce beleza das coisas lindas e simples

segunda-feira, 6 de abril de 2009

A menina que já fui um dia...

Houve um tempo em minha vida em que eu sonhava com o principe encantado em seu cavalo branco, em que eu imaginava que o certo da vida era casar, ter filhos, constituir familia, ser uma mulher amada, mãe e feliz. Isso dominou por muitos anos meu pensamento, até o dia em que pensei ter achado o homem da minha vida, o pai dos meus filhos, com quem eu conseguiria ser o padrão de mulher que sempre me falaram que eu deveria ser.

Muito bem se passaram dois anos num namoro bom, sem muitas brigas, sem muitas crises, pois é claro, era a menina que aceitava tudo, totalmente submissa, só pensando no bem da nossa relação, o tempo todo eu era sensivel, compreeensiva, apaixonada, boba, ingenua enfim era a namorada praticamente perfeita para se casar um dia.

Porém essa doce menina, que eu era, resolveu começar a pensar sobre sua vida, sobre seus planos. Se deu conta que não vivia mais a sua vida, mas sim a vida de companheira de seu namorado. Não tinha mais tanta ligação com sua familia, perdeu o contato com suas verdadeiras amigas, não tinha liberdade nem para ir a esquina sozinha, não podia ouvir as musicas que gostava, ter um dia só pra ela... se deu conta que não era mais a Su, mas era a Su que queriam que ela fosse... percebeu que ser amada, não era tudo.

Resolveu então jogar tudo pro alto! Não foi tão fácil se libertar dessa vida de rosas! Houve choro, houve insistência, houve rupturas...

Hoje já não sonho mais em casar, não penso em encontrar o homem da minha vida. Descobri que nem ao menos ele existe, e acho que isso é muito bom! Porque o que faz da minha vida ser intensa, sem preconceitos, sem tabus, sem morais cristãs de amor romântico, é o fato de eu não procurar sempre a pessoa perfeita, mas me relacionar com muitas pessoas de maneiras diferentes.

Não sou um ser menos sensivel, quer dizer as vezes até posso ser, mas isso não muda o fato de eu ter sentimentos... Ah se as pessoas soubessem quantas formas de sentimentos são trocados e intensificados no sexo! Não é sexo por sexo, é sexo por troca, por vontade, por desejo, por puro e simples prazer... e prazer não é qualquer coisa... prazer é aquilo que faz com que vc perceba que pequenos instantes podem trazer inúmeras sensações, é quando a alma flutua e parece não haver mais nada além de sinestesias indescritivéis !

A menina que um dia eu fui, me transformou na menina-mulher que sou hoje, se isso é melhor ou pior? Pra mim está sendo agora, se será para sempre? Isso já não sei... porque essa minha personalidade inconstante pode mudar quando quiser...

Mas boas lembranças, ah isso eu tenho bastante, e elas são no minímo inesquecíveis!

Sou eu mesma sempre, não uso rótulos, não necessito de máscaras, apenas vivo do meu modo ...

sábado, 4 de abril de 2009

Tardes com mamãe
É engraçado como as tardes que passo com minha mãe são raras e me trazem reflexões...Somos bem parecidas fisicamente, porque ela ainda é bem nova e sempre nos comparam como irmãs. Mas em relação as coisas mais simples pensamos bem diferente.
Hoje tivémos uma turbulenta tarde de sabádo presentiada por uma cansativa faxina aqui de casa. Ela se importa tanto com limpeza como se fosse umas das coisas mais sublimes da sua vida, já eu acho que seja necessária,mas vejo que todas essas horas limpando seriam melhor apoveitadas lendo um livro, ouvindo música, conversando bobagens com os amigos...
Minha mãe normalmente reclama, mas no dia da faxina ela quase parece uma máquina de chingamentos e criticas:
-- Suellen Caroline veja a cor desse chão!
-- Meu Deus como conseguiu deixar meu fogão desse jeito?!
-- Será que vc não precebe que isto tá horrivel!
e por aí ela continua...
E eu? ah eu já nem tento me defender mais, simplesmente fico queta e obedeço, isso quando não me pego rindo das caras que ela faz!
Ah mãe, minha adorada e amada mãe quem dera você tivesse uma vassoura mágica para acabar
com todas as sujeiras do mundo, e terminar seu dia com um lindo sorriso de satisfatição como o
que vi em seu rosto hoje...

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Coração Noturno (Raul Seixas)
Amanhece, amanhece, amanhece,
amanhece, amanhece o dia
Um leve toque de poesia
Com a certeza que a luz
que se derramanos traga um pouco, um pouco,um pouco de alegria !
A frieza do relógio
não compete com a quentura do meu coração
Coração que bate 4 por 4
sem lógica, sem lógica e sem nenhuma razão
Bom dia sol !!!Bom dia, dia !
Olha a fonte, olha os montes
Horizonte
Olha a luz que enxovalha e guia
A Lua se oferece ao dia
E eu,
E eu guardo cada pedacinho de mim
prá mim mesmo
Rindo louco, louco, mais louco de euforia
Bom dia sol !!!
Bom dia, dia !
Eu e o coração
Companheiros de absurdos no noturno
no soturno
No entanto, entretanto
e portanto ...
Bom dia sol !!!
Bom dia, sol !
... é sexta-feira e eu lembrei dessa música...
Powered By Blogger