segunda-feira, 21 de março de 2011

Depois

Senti delicadamente  soprar a escuridão, surgiam nítidos  e consoladores, seus olhos frescos e  azuis, como o vento das manhãs e nesse instante a densidade do corpo repousava, enquanto o levissímo e cintilante ser flutuava, nadava, voava e sorria.Brincavamos onde a tempestade não chegava, a música era a graciosa sinfônia dos pressentimentos felizes.Nenhum pecado, nenhum segredo,eramos crianças.
O sol tocava com um beijo em meu rosto e tudo havia passado, o cansaço, o sono e o sonho e se fazia um novo amanhecer em meu coração.
 Inspirada em Hermann Hesse, organizado pelos pequeninos sentimentos antes desconhecidos e dedicado maravilhosamente à você: Clarice.                         
Te amo.

Antes

Um terrivelmente, cinzento e carregado outono se alojara em meu coração; os dias pareciam um desenrolar de tormentos, às horas eram lentas, como se á séculos o sol tivesse contornado o horizonte para que eu nunca mais pudesse vê-lo. Tudo era inutil, aborrecedor e incrivelmente triste;|às vezes acreditava-se prisioneira, acorrentada em um pesadelo e para cada refugio que buscasse, surgia uma densa e áspera parede à me impedir o caminho.As noites eram a personificação da própria solidão,senhora de uma vazio escurecido, compenetrada por uma escuridão que esvaziava todo e qualquer sentimento de existir,fundido a uma silêncio aterrador que me abraçava como se meus próprios braços o fizessem, me agarrando para o sono não passar. As horas de insônia iam tragando toda a vida, toda a beleza e todo brilho do meu existir, o esgotamento se dilatou indefinidamente, a tarde chuvosa, o cansaço do trabalho e todas as preocupações de tantos desejos, de tanto orgulho, de tantas vaidades se embaralhavam em minha cabeça de tal modo que não podia responder pelas tarefas mais triviais.Então, assim, de qualquer maneira me atirava na cama como uma queda. Nessa altura, todos os invernos pareciam ter me alcançado e finalmente adormecia.Tudo era uma enorme luz sem forma. 
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